Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316.2/25063
Title: Anatomia do crescimento débil
Authors: Fitoussi, Jean-Paul
Issue Date: 1997
Publisher: Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Abstract: A partir do início dos anos noventa, o crescimento, na Europa, foi particularmente fraco, em média 1,3% (1,1% em França). Depois da Segunda Guerra Mundial, foram os piores resultados, relativos a um período de cinco anos. Este artigo analisa os mecanismos do crescimento débil e o problema da sua persistência. O processo de crescimento fraco deve-se a uma alteração da relação de forças nos mercados, cujo primeiro sinal foi um aumento brutal e persistente das taxas de juro reais de longo prazo. Supremacia dos «credores» nos mercados financeiros e supremacia dos empresários no mercado de trabalho são características dos tempos que correm. São, simultaneamente, resultado da globalização financeira e das políticas monetárias, até há pouco tempo, muito restritivas. O emprego e o investimento surgem como as principais variáveis de ajustamento para as empresas, obrigadas a desendividarem-se. Simultaneamente, a inércia do investimento e o crescente desemprego vão originar défices públicos e sociais e o endividamento dos Estados. A tutela que os mercados financeiros exercem sobre as políticas económicas acentua-se ainda mais. Contudo, esse desequilíbrio da relação de forças não é irreversível e não implica nem resignação nem renúncia ao sistema de protecção social. É possível conceber políticas que restabeleçam o equilíbrio de forças, pois só assim pode haver uma democracia de mercado. É este sistema que o artigo procura delinear. Tal como os passados «trinta gloriosos» anos, também os «medíocres vinte» por que acabámos de passar podem ser apenas consequência de factores específicos, historicamente datados, que seria errado projectar no futuro. É bem provável que o crescimento venha a ter dias muito mais risonhos do que se julga, na condição de se conhecerem os seus mecanismos profundos e de se deixar de contrapor o aspecto económico e ao aspecto social, pois é na intersecção de ambos que se situa o local privilegiado da democracia.
Depuis le début des années quatre-vingt-dix, la croissance fut particulièrement faible en Europe, 1,3% en moyenne (1,1% pour la France). C’est la plus mauvaise performance, pour une période de cinq ans, depuis la seconde guerre mondiale. Cet article est consacré à une analyse des mécanismes qui produisent une croissance molle en nos pays et à la question de leur pérennité. Le processus de la croissance faible est engendré par une modification des rapports de forces entre acteurs sur les marchés, dont le premier signe fut une élévation brutale et durable des taux d’intérêt réels longs. Domination des «créanciers» sur les marchés financiers et domination des entrepreneurs sur le marché du travail sont les caractéristiques du temps présent. Elles sont la conséquence à la fois de la globalisation financière et de politiques monétaires qui furent, jusqu’à une période récente, trop restrictives. L’emploi et l’investissement apparaissent comme les principales variables d’ajustement pour des entreprises contraintes de se désendetter. Alors que l’atonie de l’investissement et l’aggravation du chômage conduisent aux déficits publics et sociaux et à l’endettement des Etats. La tutelle des marchés financiers sur la politiques économique n’en devient que plus lourde. Mais ce déséquilibre des rapports de force n’a rien d’irréversible et il n’implique ni résignation, ni renoncement à notre système de protection sociale. Il est en effet possible de concevoir des politiques susceptibles de rétablir l’équilibre des forces, qui seul est compatible avec la démocratie de marché, système dont l’article cherche à dessiner les contours. Comme les trente glorieuses que nous avons connu, les «vingt médiocres» qui viennent de s’écouler peuvent n’être que la conséquence de facteurs spécifiques, historiquement datés et qu’il serait erroné de projeter dans le futur. Il se pourrait ainsi que l’avenir de la croissance soit beaucoup plus dégagé qu’on ne le croit et qu’on ne le dit. A condition que l’on en comprenne les ressorts profonds, et que l’on cesse d’opposer l’économique et le social : leur intersection forme, au contraire, le lieu privilégié de la démocratie.
The slow growth ail over Europe (1.3%) in the early 1990’s has been particularly visible in France (1.1%). This low rate represents the worst records since World War II. This article examines the mechanisms of such a sustained slow growth. The first sign of the changing power relations on the market, accountable for that slow growth process, was a sharp but persistent raise in the long-term interest rates. The present economic context is characterised by a dominance of creditors in the financial markets and of entrepreneurs in the labour market, both outcomes of financial globalisation and of the, until recently, ail but restrictive monetary policies. Employment and investment are currently the main adjustment variables for firms constrained to pay their debts. Simultaneously, investment momentum and increasing unemployment will generate social and public déficits as well as states’ indebtedness thus strengthening capital markets’ control over economic policies. However, these unbalanced power relations are not irréversible and do not imply either to capitulate or to relinquish social security. It is possible to contrive policies meant to restore balanced power relations, the only way to achieve a real market democracy. This article tries to outline such a system. Like the past «glorious thirty», the «poor twenty» we just went through may also arise from specific, historically dated factors that shouldn’t be cast into the future. Hopefully, economic growth will see much better days on condition that one fully grasps its inherent mechanisms and accepts that the intersection of the social and the economic is the privileged site for democracy.
URI: https://hdl.handle.net/10316.2/25063
ISSN: 2183-203X
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