Os Jesuítas e a legitimação sacral da Casa de Bragança: um estudo de caso : o Elogium Triumphale (1647) do P. Francisco Machado

Abstract

A Companhia de Jesus, desde as origens estreitamente ligada à coroa portuguesa, desenvolveu ad intra e divulgou ad extera essa mesma ligação, de tal modo que o seu ideal missionário e o serviço do rei e do reino de Portugal dificilmente se distinguem. A nova Ordem Religiosa coloca-se ao serviço do rei temporal e, desse modo, ao serviço do Rei Eterno. Durante o período de união das coroas, não faltaram na Companhia de Jesus vozes que pugnassem pela autonomia e em 1640, na Restauração, desde o primeiro momento a Companhia de Jesus não se poupou a manifestações de fidelidade a D. João IV, lutando muitos dos seus membros, como se sabe, pela legitimação da nova dinastia brigantina. É neste contexto que estudaremos o texto latino Elogium Triumphale, da autoria do jesuíta Francisco Machado, pregador empenhado na legitimação da Casa de Bragança, que compôs esta obra para assinalar o atentado de que o monarca saiu ileso.

The Society of Jesus was, from its inception, linked to the Portuguese crown and developed that link in such a way that its missionary ideal and its ideal to serve the kingdom of Portugal were almost indistinguishable. During the period in which the crowns of Spain and Portugal were unified, voices were heard within the Society of Jesus defending Portuguese autonomy, so that at the Restoration of 1640 there were many Jesuits who committed themselves to legitimizing the new Bragança dynasty. This is the context in which we study the Latin Elogium Triumphale, written by the Jesuit Francisco Machado, who composed this piece to celebrate the king’s having emerged unscathed from an attempt on his life.