Seis décadas de História na Faculdade de Letras de Coimbra (1911-1970): um esboço das suas tendências

Abstract

A História, ao constituir-se como ensino e investigação integrada nos novos estudos da nova Faculdade de Letras (1911), seguiu, desde os começos até cerca de 1960, os cânones metodológicos impostos pelo positivismo. O culto do rigor, prestado no altar da ciência positiva, conduziu a uma minudente análise dos factos que a síntese unia em construções narrativas de estilo conciso e que o Instituto de Estudos Históricos chancelava. O apego aos factos de natureza única, fora do sentido serial, não permitiu a investigação em história económica, matéria conotada com uma concepção materialista da vida, impossibilitando a aceitação de outros horizontes conceptuais, os quais foram tentados nos anos a seguir ao fim da Segunda Guerra Mundial. Historiografia que elegeu como objecto preferencial a história política nacional dos tempos medievos, sobretudo, e modernos, mas onde há que distinguir os trabalhos elaborados para a obtenção de graus ou títulos e aqueles em que os historiadores, mais soltos, deram azo a uma maior imaginação em voo para novos campos conceptuais, preparando a mudança que se anuncia e que a revolução de Abril de 1974 impôs.

History, as teaching and research, incorporated in the new curricula of the Faculty of Arts (1911), followed, from the beginning until about 1960, the methodological canon imposed by Positivism. The worship of accurateness, on the altar of positivist science, led to the meticulous analysis of events, synthetically congregated into narratives of concise style, then authenticated by the Instituto de Estudos Históricos (Institute for Historical Studies). The stickiness to single events, apart from serial sets, prevented research on economic History, a subject matter that connoted a materialistic notion of life, thus refusing other conceptual horizons that would be attempted in the years following World War II. That historiography selected, as its preferential object, national political history, mainly medieval but also early modern; we must nevertheless put apart the works specifically elaborated to obtain degrees or academic titles, as well as other ones where some more freed historians opened to imagination towards new conceptual fields, thus preparing a coming change, then announced and afterwards enforced by the revolution of 24th April 1974.