Paradigmas, ciência e historiografia

Abstract

Segundo Thomas Kuhn, a história interna das ciências torna mais inteligível o seu progresso, a partir do século XVII, do que as variáveis extra-intelectuais (propostas por Merton, Weber, Tawney, etc.). Para o demonstrar recorre às noções de «paradigma» e «ciência normal», que, na medida em que invocam, respectivamente, uma tradição interna de investigação e uma actividade de grupo (as comunidades científicas) contrariam quer a perspectiva metodológica extra-intelectual quer a da pura racionalidade do progresso científico (Popper). O conhecimento científico é, pois, do seu ponto de vista, não uma história de problemas, teorias e argumentos, cujo progresso se valida pela verificação ou pela falsação, mas a história de problemas-soluções estandardizados ou paradigmas, aceites, exercitados e desenvolvidos por uma comunidade científica (de que resulta a «ciência normal»), cujo progresso acontece quando aqueles já não respondem, satisfatoriamente, aos problemas postos por esta (na sua investigação das relações de corrrespondência teoria/natureza). Este o modelo de história das ciências que nos é proposto por Kuhn, que, todavia, em seu entender, não é extensivo ao estudo da história, pois as explicações que esta nos dá não são susceptíveis de generalizações sob o tipo de leis nem de previsõe