Crise e crítica na história contemporânea

Abstract

Desde finais do século 18 o termo crise é empregado para designar uma experiência histórica do tempo político e económico que assinala uma ruptura epocal. Esse uso se disseminou e passou a incluir um elemento negativo, em que “crise” é associada a risco de involução social e cultural. Tal associação é inadequada, pois crise pode representar sinal de mudança para o melhor, para o pior ou simplesmente para outra situação. Se o termo inclui os sentidos de ruptura e conflito, é-lhe presente também o sentido de crítica (formação do juízo e tomada de decisão), assim entendido desde Tucídides e Aristóteles. A função crítica da crise é, assim, o elemento crucial da análise histórica, como afirma R. Koselleck. Essa função vem exemplificada por uma análise de episódios centrais da história política e económica do século 20.

Depuis la fin du XVIIIe siècle le mot crise est utilisé pour désigner une expérience historique du temps politique et économique qui marque la rupture d’une époque. Ce coutume s’est étendu et a déclenché un élément négatif, dans lequel «crise» est associée à un risque d’involution sociale et culturelle. Cette association est inappropriée, car la crise peut représenter un signe de changement pour le mieux, pour le pire ou tout simplement pour une autre situation. Si le terme comprend les sens de rupture et conflit, la critique est également présent (formation du jugement et prise de décision), ainsi entendu depuis Thucydide et Aristote. La fonction critique de la crise est donc l’élément déterminant de l’analyse historique, comme l’a dit R. Koselleck. Cette fonction est exemplifiée par une analyse d’épisodes centraux d’histoire politique et économique du XXe siècle.

Since the end of the 18th Century the term crisis is employed to designate an historical experience of political and economic times which marks the rupture of a period. This use disseminated and started to include a negative element, in which “crisis” is associated to the risk of social and cultural involution. Such association is inadequate, because crisis can represent a sign of change for the better, for the worst or simply towards another situation. If the term includes the meaning of rupture and conflict, criticism is also present (formation of judgement and decision making), thus understood since Thucydides and Aristotle. The function of criticism in crisis is, thus, the crucial element of historical analysis, as stated by R. Koselleck. That function is exemplified by an analysis of central episodes of political and economic history of the 20th Century.