O Estado Novo português e a institucionalização da «economia nacional corporativa»

Abstract

Este artigo propõe um retorno à problemática do corporativismo fascista, em geral, e da experiência corporativa portuguesa, em particular, no sentido de recentrar a análise historiográfica do “corporativismo português” nas suas evidências de sistema económico capitalista cuja reorganização é dirigida por um Estado em reconstrução. As conhecidas fragilidades da “economia corporativa” portuguesa, há muito notadas no plano teórico (do sistema) e no domínio prático (da organização), têm votado o corporativismo a uma crescente proscrição na historiografia portuguesa. O presente ensaio contesta essa tendência recente. A nossa argumentação evoca a centralidade do processo de institucionalização da “economia nacional corporativa” na reconstrução autoritária do Estado português entre 1926 e 1939.

Cet article propose un retour à la problématique du corporatisme fasciste, en général, et de l’expérience corporative portugaise en particulier, dans le sens de recentrer l’analyse historiographique du «corporatisme portugais» dans ses évidences de système économique capitaliste, dont la réorganisation est dirigé par un État en reconstruction. Les faiblesses connues de l’«économie corporative» portugaise, aperçues depuis long t emps dans l e pl a n théorique (du système) et dans le domaine pratique (de l ’ o r g ani s a t i on ) , ont condamné le corporatisme à une proscription croissante de l’historiographie portugaise. Le présent essai conteste cette tendance récente. Notre argumentation évoque la centralité du processus d’institutionnalisation de «l’économie nationale corporative» dans la reconstruction autoritaire de l’État portugais entre 1926 et 1939.

This article proposes a return to the problematic of fascist corporatism, in general, and the Portuguese corporative experience, in particular, in the sense of recentring the historiographical analysis of “Portuguese corporatism” in its evidence of a capitalist economic system whose reorganization is directed by a State in reconstruction. The known frailties of Portuguese “corporative economy”, long noticed in the theoretical plane (of system) and the practical domain (of organisation), have deemed corporatism to a growing expulsion in Portuguese historiography. The present essay contests this recent tendency. Our argumentation evokes the centrality of the process of institutionalization of “corporative national economy” in the authoritarian reconstruction of the Portuguese State between 1926 and 1939.