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https://hdl.handle.net/10316.2/36448
Title: | Finis Patriae e consciência de crise no Portugal contemporâneo | Other Titles: | Finis Patriae and the conscience of crisis in contemporary Portugal Finis Patriae et la conscience de crise au Portugal contemporain |
Authors: | Matos, Sérgio Campos | Keywords: | Nation;Finis Patriae;Crise;Dégénérescence;Régénération;Messianisme;Nation;Finis Patriae;Crisis;Degenerescence;Regeneration;Messianism;Nação;Finis Patriae;Crise;Degenerescência;Regeneração;Messianismo | Issue Date: | 2010 | Publisher: | Imprensa da Universidade de Coimbra | Abstract: | Das invasões francesas (1807‑1811)
à actualidade, o tópico
do fim da pátria tornou-se
muito comum entre os intelectuais
portugueses. Como
compreender a sua atracção
por esta problemática, quando
relacionada com a existência
das nações e dos estados,
num tempo de secularização
e laicização dessas mesmas
sociedades? A referência à
possibilidade do fim da pátria
sempre se prendeu com
a consciência de crise e das
dificuldades em vencer os
problemas com que a nação
se foi confrontando, dos anos
de tutela estrangeira à perda
do Brasil, passando pelas dificuldades
económicas e financeiras
e pelas ameaças externas
sobre a metrópole ou sobre os
territórios ultramarinos. Por outro lado, inscreve-se, não
raro, num muito difundido
biologismo social que, em
termos deterministas, antecipa
o futuro, dramatizando a catástrofe
iminente. A figuração
da morte da nação exprime
uma sensibilidade apocalíptica
que anuncia um fim próximo.
Mas transporta também uma
intencionalidade de reinício e
ressurgimento – quando não
de revolução social e política.
Esta aspiração de renascença
correspondia afinal às expectativas
do homem moderno,
dividido entre o mundo tradicional
e o novo mundo saído
das transformações da Revolução
Industrial. Pretende
compreender-se como numa
nação periférica, especialmente
nos finais do século XIX e
princípios do século seguinte,
as suas elites dramatizaram a
existência da monarquia, da
pátria, da nação, do século,
do mundo – como se esse fim
anunciado fosse a condição
para a renovação. Processo
adoptado também por outros
intelectuais europeus – caso
dos chamados regeneracionistas
em Espanha. E embora
Portugal não tenha sido, a este
respeito, caso único, talvez se
possa admitir que a voga do
tópico Finis Patriae se tenha
agitado até mais tarde do que
noutras nações, até mesmo ao
presente. Depuis les invasions françaises (1807-1811) jusqu’à présent, le thème de la fin de la patrie est devenu très commun parmi les intellectuels portugais. Comment comprendre leur attraction par cette problématique, lorsqu’elle concerne l’existence des nations et des états, à une époque de sécularisation et laïcisation de ces sociétés? La référence à la possibilité de la fin de la patrie a toujours été liée à la conscience de la crise et des difficultés à surmonter les problèmes auxquels la nation se confrontait, des années de la tutelle étrangère à la perte du Brésil, en passant par les difficultés économiques et financières et les menaces extérieures sur la métropole ou sur les territoires d’outre-mer. D’autre part, il s’encadre, pas rarement, dans un biologisme social largement diffusé qui, en termes déterministes, anticipe l’avenir, dramatisant la catastrophe imminente. La figuration de la mort de la nation exprime une sensibilité apocalyptique qui annonce la fin proche. Mais il exerce aussi une intentionnalité de recommencement et de résurgence – quand pas de révolution sociale et politique. Cette aspiration de renaissance correspondait aux attentes de l’homme moderne, partagé entre un monde traditionnel et un monde nouveau, émergé des transformations de la Révolution Industrielle. Nous cherchons à comprendre comment, dans une nation périphérique, surtout à la fin du XIXe siècle et début du siècle suivant, ses élites avaient dramatisé l’existence de la monarchie, de la patrie, de la nation, du siècle, du monde – comme si cette fin annoncée était la condition pour la rénovation. Processus adopté également par d’autres intellectuels européens – le cas des soi-disant régénérationistes en Espagne. Et bien que le Portugal n’était pas, à cet égard, le seul cas, on peut éventuellement, admettre que la vogue du thème de Finis Patriae a été agité jusqu’à plus tard que dans les autres nations, ou même jusqu’à présent. Since the French invasions (1807-1811) until now, the theme of the end of the nation became very common among Portuguese intellectuals. How to understand their attraction towards this problematic, when related with the existence of nations and states, in a time of secularization and laicism of these same societies? The reference to the possibility of the end of the nation has always been connected with the conscience of crisis and the difficulties in surpassing the problems with which the nation was faced, of the years of foreign tutelage to the loss of Brazil, passing through economic and financial difficulties and the external threats on the metropolis or on foreign territory. On the other hand, it is not rarely inserted in a widely diffused social biologism which, in determinist terms, anticipates the future, dramatizing the imminent catastrophe. The figuration of the death of a nation expresses an apocalyptic sensibility which announces the close end. But it also carries an intentionality of a new beginning and resurgence – when not of social and political revolution. This aspiration of rebirth corresponded to the expectations of the modern man, divided between a traditional world and a new world born from the transformations of the Industrial Revolution. We aim to understand how, in a peripheral nation, especially at the end of the 19th Century and beginnings of the following century, the elites dramatized the existence of the monarchy, the country, the nation, the century, the world – as if this end which was announced was the condition for renovation. Process adopted also by other European intellectuals – the case of the so-called regenerationists in Spain. And, although Portugal was not, in this respect, the only case, maybe it can be admitted that the vogue of the theme of Finis Patriae was agitated until later on than other nations, until even the present. |
URI: | https://hdl.handle.net/10316.2/36448 | ISSN: | 1645-3530 1647-8622 (digital) |
DOI: | 10.14195/1647-8622_10_21 |
Appears in Collections: | Revista Estudos do Século XX |
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