A crise das imagens

Abstract

Alguns dos mais recentes percursos das imagens permitem desenhar uma nova ecologia visual, contrastante com outras práticas de visão que lhe são prévias e, no entanto, coevas. Sendo técnicas, as novidades ultrapassam esse registo para se reportar aos usos simbólicos, ao funcionamento sociológico e as tendências estéticas das imagens. O novo panorama visual é sobretudo complexo e as dificuldades de datação evidenciam essa complexidade: onde enraízam as "novas" imagens? No século XIX, marcado pela tecnicidade e pela expectativa de uma imagem capaz de reproduzir o real e restituir-nos uma experiência vicária? Ou o que actualmente experimentamos é uma franca dificuldade em aparentar os voyants de outrora aos actuais voyeurs das formas sintéticas, identificadas pelo seu suporte digital, consideradas prolíferas, interactivas, processuais, simuladoras, endógenas, instrumentais, imanentes e demasiado rápidas?

Certains des plus récents parcours des images permettent de dessiner une nouvelle écologie visuelle, contrastant avec d'autres pratiques de vision qui la précèdent et qui, toutefois, lui sont contemporaines. S'agissant de techniques, les nouveautés dépassent ce registre afin de se reporter aux usages symboliques, au fonctionnement sociologique et aux tendances esthétiques des images. Le nouveau panorama visuel est surtout complexe et les difficultés d'attribution de dates mettent en évidence cette complexité: où s'enracinent les "nouvelles" images? Au XIXe siècle, marqué par la technicité et l'attente d'une image capable de re-produire le réel et de nous restituer une expérience vicaire? Ou bien ce que nous expérimentons actuellement est une franche difficulté à apparenter les voyants d'antan aux actuels voyeurs des formes synthétiques, identifiées par leur support digital, considérées prolifiques, interactives, processuelles, simulatrices, endogènes, instrumentales, immanentes et trop rapides?

Some of the most recent paths taken by images allow us to draw a new visual environment in contrast with other visual practices that precede it while remaining contemporaneous. Technical in nature, new features go beyond this register to allude to the symbolic uses, sociological function and aesthetic trends of images. The new visual landscape is, above all, complex and the difficulties in dating reveal this complexity: where are these "new" images rooted? In the 19th century, marked by technical developments and expectations of an image capable of reproducing reality and providing us with a vicarious experience? Or is what we are currently experiencing a genuine difficulty in relating the voyants of yesterday to modern voyeurs of synthetic shapes, identified by the their digital media and seen as prolific, interactive, processing, simulating, endogenous, instrumental, emanating and too fast?