O mito da Atlântida nas leituras historiográficas do nacionalismo monárquico

Abstract

O pensamento produzido pelo nacionalismo monárquico depois da queda da monarquia estruturou-se em torno dos conceitos de Nação e Tradição. As suas leituras historiográficas, pastas ao serviço da ideologia, colocaram no centro do seu discurso as noções de tempo e de uma visão da história que recuperava as estruturas essenciais do mito. Alguns sectores deste nacionalismo introduziram nas suas narrativas o mito da Atlântida, procurando assim fundamentar os seus conceitos estruturantes através de um regresso as supostas "origens" que o mito situava na ilha da Atlântida. As lições da história, assentes num determinismo étnico, deviam comprovar a força dinâmica do passado e alicerçar a crença no futuro da nação, mesmo quando isso significava uma ruptura com o presente, ou "tempo histórico", gerador de angústias e do sentimento de decadência que matizava o pensamento nacionalista integral.

La pensée produite par le nationalisme monarchique depuis la chute de la monarchie s'est structurée autour des concepts de Nation et de Tradition. Ses lectures historiographiques, mises au service de l'idéologie, ont placé au centre de leur discours les notions de temps et d'une vision de l'histoire qui récupère les structures essentielles du mythe. Certains secteurs de ce nationalisme ont introduit dans leurs récits le mythe de l'Adantide, cherchant ainsi à justifier leurs concepts structurants à travers un retour aux supposées "origines" que le mythe situait sur l'île de l'Atlantide. Les leçons de l'histoire, basées sur un déterminisme ethnique, devaient prouver la force dynarnique du passé et fonder la croyance dans le futur de la nation, même lorsque ceci signifiait une rupture avec le présent, ou le "temps historique", générateur d'angoisses et du sentiment de décadence qui nuançait la pensée nationaliste intégral.

The thought produced by monarchical nationalism after the fall of the monarchy was structured around the concepts of Nation and Tradition. Its historiographic readings, put at the service of ideology, placed at the centre of its discourse the notions of time and a vision of history that recovered the essential structures of myth. Certain sectors of this nationalism introduced the Atlantis myth into their narratives, seeking to underpin their structural concepts by returning to the supposed "origins" which the myth set on the island of Atlantis. The lessons of history, based on ethnic determinism, should prove the dynamic force of the past and strengthen the belief in the future of the nation, even when this meant a break with the present, or "historical time", creator of angst and the feeling of decadence that coloured full nationalist thought.