O Século com a Alemanha nazi (1934-1939)

Abstract

No quadriénio de 1935-1939 O Século leva a cabo uma propaganda sistemática a favor do regime nazi, com uma simpatia mais discreta pelo fascismo italiano. Essa propaganda chega ocasionalmente a enaltecer o nazismo em nome dos direitos dos trabalhadores como modelo a seguir em Portugal. Características do nazismo mais difíceis de encaixar neste quadro idílico, como o seu anti-semitismo, são minimizadas, recalcadas ou ocultadas. No mesmo período, O Século aplaude o plebiscito no Sarre e, sucessivamente, a remilitarização da Renânia, a anexação da Áustria, a ocupação dos Sudetas, a invasão e desmembramento da Checoslováquia restante. Ele aplaude o expansionismo alemão sempre contra a França, por vezes mesmo contra a Grã-Bretanha e, ao menos num caso, até contra a política externa de Salazar. Em Janeiro de 1939, verifica-se uma nova inflexão, que alinha o jornal com a política externa oficial. Chega ao fim o quadriénio germanófilo de O Século.

Durant la période 1935-1939, le journal "O Século" entreprend une propagande systématique en faveur du régime nazi, avec une sympathie plus discrète qu' envers le fascisme italien. Cette propagande va même ocrasionnellement, jusqu' à exalter le nazisme au nom des droits des travailleurs comme modèle à suivre au Portugal. Les caractéristiques du nazisme les plus difficiles à encadrer dans ce tableau idyllique, comme l'anti-sémitisme, sont minimisées, repoussées ou omises. À la même période, le journal "O Século" applaudit le plébiscite dans la Sarre et, par la suite, successivement, la remilitarisation de la Rhénanie, l'annexion de l'Autriche, l'occupation des Sudètes, l'invasion et de démembrement de la Tchécoslovaquie restante. II applaudit l'expansionnisme allemand toujours contre la France, parfois même centre le Royaume-Uni et, au moins dans un cas, contre la politique extérieure de Salazar. En janvier 1939, on vérifie une nouvelle inflexion, qui aligne le journal avec la politique extérieure officielle. Nous arrivons ainsi à la fin de cette période de quatre années germanophiles du journal «O Século ».

From 1935 to 1939, O Século daily newspaper adopted propaganda in favour of the Nazi regime, and discretely showed a liking for Italian fascism. Such propaganda occasionally reached the point of exalting Nazism in the name of workers' rights as a model which should be followed by Portugal. The features of Nazism which were most difficult to fit into this utopian framework, such as anti-Semitism, were minimised, overridden or concealed. In the same period the periodical applauded the poles in Saar and, consecutively, the remilitarisation of Rheinland, the annexation of Austria, the occupation of the Sudet region, and the invasion and division of the remaining of Czechoslovakia. Furthermore, it applauded German expansionism against France, sometimes even against Great Britain and, at least in one case, against the foreign policy of Salazar. In January 1939, a new inflexion drew the newspaper closer to the official foreign policy. Hence ended the four years of germanophilia of the «O Século».