Desenvolvimento: previsibilidade e/ou sustentabilidade?

Abstract

Uma reflexão crítica sobre a História Mundial da Urbanização pode ajudar-nos ao aperfeiçoamento de um conceito mais seguro de espaço urbano sustentável. Atendendo a que essa reflexão deverá sempre ser pautada por um cuidadoso esforço epistemológico e passando em revista os parâmetros dos quais - com a aceitação dos factores intervenientes no transcurso do processo histórico dos factos urbanos que a casuística regista - ressalta a compreensão de que a qualidade de ser sustentável decorrerá das circunstâncias polimórficas resultantes tanto dos condicionalismos físicos como dos humanos. Normalmente do resultado dessas complexas interações advêm características diversificadoras, particulares a cada caso. Todavia, sempre se disse que isso é o resultado de um processo de desenvolvimento. A resultante da análise desses desenvolvimentos, porém, nem sempre é aceitável num plano epistemológico; pelo contrário, esse esforço de pureza da compreensão teorética dos factos, obriga a pôr em causa, por sua vez, o próprio conceito de desenvolvimento que não pode ser só um crescimento económico. Uma consequência deste esforço suplementar aproxima-nos do conceito até há poucos anos quase negligenciado de risco físico e, talvez pela importância e espectacularidade que aqueles factos em grande parte têm, suscitaram o nascimento de uma nova vertente científica a que veio a chamar-se a Cindínica. O esforço epistemológico deste jovem ramo da fronde geográfica veio ainda suscitar a necessidade de juntar ao estudo dos riscos físicos, o dos riscos humanos que, muitas vezes, se conjugam para ampliar as consequências. De tudo isto ressalta que, para além do grau de sustentabilidade imprescindível a melhoria das conditções de vida dos urbanitas, impõe-se que todos os projectos de desenvolvimento que serão os motores da evolução, sejam eles próprios concebidos com um grau de previsibilidade equilibrada, reconhecedora e defensora das finalidades fundamentais para o devir da Humanidade. Tudo isto implica naturalmente, para além do instruir, também o educar. O devir da Humanidade passa pois cada vez mais por um estatuto de cidadania de facto do que simplesmente pelo de uma cidadania de direito. Podem os geógrafos virar as costas a esta compreensão?

Une réflexion critique sur l'Histoire Mondiale de l'Urbanisation peut nous aider à améliorer un concept plus sûr de l’espace urbain soutenable. Vu que cette réflexion devra toujours se régler sur un effort epistemologique vigilant et en tenant compte les paramètres dont - en acceptant les facteurs intervenants au cours des faits urbains historiques que la casuistique registre - nous comprenons que la qualité d'etre soutenable proviendrait des circonstances polymorphes qui resultent autant des conditions physiques qu'humaines. En général, ces interactions complexes produisent des caractéristiques de diversifications, particulières à chaque cas. Cependant, il a toujours été dit que ceci est le résultat d'un procès de développement. Toutefois, le résultat de l’analyse de ces developpements n'est pas toujours acceptable sur le plan épistémologique; au contraire, cet effort de pureté de la compréhension théorique des faits oblige à mettre en doute, cette fois, le concept de développement lui-même qui ne peut pas seulement être une croissance économique. L'une des conséquences de cet effort supplémentaire nous rapproche d'un concept de risques physiques presque négligé, jusqu’à quelques années, et, c'est peut-être à cause de l’importance et de l’évidence de ces faits, que cette nouvelle voie scientifique appelée Cindínica est née. L’effort épistémologique de cette nouvelle branche de la géographie a montré le besoin de joindre l'étude des risques physiques à cellle des risques humains qui, beaucoup de fois, se conjuguent et amplifient les conséquences. Tout ceci met en évidence, au-delà du degré de soutènement indispensable à l'amélioration des conditions de vie des citadins, le fait qu'il faille que tous les projets de développement qui seront les propulseurs de l'evolution, soient conçus eux-mêmes avec un degré de prévisibilité équilibrée qui reconnaisse et défende des buts fondamentaux pour l'avenir de l'Humanité. Tout ceci implique naturellement, au-delà de l'instruction, l'éducation. L'avenir de l'Humanité passe beaucoup plus par le statut de la citoyenneté en soi que par celui de la citoyenneté de plein droit. Les géographes peuvent-ils tourner le dos à cette compréhension?

A critical reflection on the world history of urbanization can help us to perfect a safer idea of sustainable urban space. This reflection should always be governed by a careful epistemological effort, and take into account the parameters which - along with the acceptance of intervenient factors in the course of the historical process of urban facts that casuistry indicates- heighten the understanding that the quality of being sustainable comes from polymorphic circumstances which result as much from physical conditions as they do from humans. Diverse characteristics normally result from these complex interactions with each case being different. However. it was always said that this was the result of a process of development. The resulting analysis of these developments, however, is not always acceptable on an epistemological level: on the contrary. This sheer force of theoretical understanding of the facts in turn calls into question the actual concept of development, which cannot solely refer to economic growth. A consequence of this extra effort brings us closer to this concept that until only a few years ago virtually neglected physical risks, and, because of the importance and impressive nature of these factors, brought into being a new area of scientific activity that came to be known as Cindinica. Further more, the epistemological effort of this young branch of geography necessitated the joint study of physical and human risks, which are often put together to better study results. All of this serves to emphasise that apart from the degree of sustainability essential for an improvement in living conditions it is important that development projects are engines of evolution, are well thought out with a degree of balanced predictability, and which recognise and defend the fundamental aims for the future of mankind. All this naturally implies not only teaching but also education in the broader sense of the word. The changing status of mankind is increasingly moving from that of simply being a citizenship of rights to a citizenship of facts. Can geographers afford to ignore these developments?