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https://hdl.handle.net/10316.2/40406
Title: | Os baldios nas freguesias de Febres, Mira e Quiaios: breve estudo socio-geográfico | Authors: | Cravidão, Fernanda Delgado | Issue Date: | 1985 | Publisher: | Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra | Abstract: | Vestígios de antigas práticas comunitárias, os baldios detiveram uma
importante função económica e social na sociedade rural portuguesa. Ocupando
uma vasta área desde a Idade Media até ao seculo XVIII, ocupam agora uma
reduzida superfície em todo o território nacional.
Associados quase sempre à criação de gado, apanha de mato e estrumes,
a importância de que disfrutavam entra em decadência simultaneamente com
as relações económicas de tipo feudal. O desenvolvimento da sociedade individualista
não contempla as práticas colectivas que lhes estão inerentes.
Foi principalmente a partir do século XVIII que se operou a passagem
gradual dos terrenos comunitários para a propriedade privada. Esta mudança
de titularidade veio gerar conflitos entre as populações que deles usufruíam
e alguns órgãos do poder, principais veículos da sua alienação.
Se no território nacional o espaço ocupado pelas terras comunitárias
tende a diminuir progressivamente, nalguns casos verifica-se um processo aparentemente
contraditório: a área baldia sofre um acréscimo considerável.
O espaço geográfico onde se situa é, sem dúvida, o principal suporte de algumas
hipóteses de explicação.
Pretende-se com este estudo mostrar como numa situação localizada
- freguesias de Mira, Quiaios e Febres - o espaço físico tem em todo este
processo um papel importante gerando uma situação aparentemente oposta
àquela que decorria no país. A extensa faixa dúnica de formação recente,
a que se alia uma instabilidade física considerável, explica em parte as divergências
verificadas. Embora a área baldia apresente uma evolução diferente
da observada no país, o testemunho de conflitos e tensões nesta zona restrita
do centro litoral português são a prova de que, também aqui, a «questão dos
baldios» opôs quase sempre as populações aos órgãos do poder, a exemplo do
que sucedia na maior parte do território nacional. «Os baldios», c'est-à-dire, «des terrains en friche» qui sont des vestiges d'anciennes pratiques communautaires, ils détinrent une importante fonction économique et sociale dans la société rurale portugaise. Occupant une vaste zone depuis le Moyen-Âge jusqu'au XVIIIe siècle, ceux-là remplissent maintenant une aire plus restreinte dans tout le territoire nationale. Associes souvent à la création du bétail, au ramassage de la brousse et du fumier, l' importance qu'ils jouissaient entre en décadence simultanément avec les rélations économiques de caractéristiques féodales. Le développement de la société individualiste ne considère pas les pratiques collectives qui leur sont inhérentes. C'est surtout à partir du XVIIIº siècle qu'on assiste au passage progressif des terrains communautaires pour la propriété privée. Ce changement de titularization déclenche des conflits entre les populations qui en avaient l'usufruit et quelques organes du pouvoir, principaux véhicules de leur aliénation. Si dans le territoire national l'aire occupée par les terrains communautaires tend à diminuer progressivement, dans certains cas, on vérifie un processus apparemment contradictoire: l'aire des «baldios» subit un accroissement considérable. L'espace géographique où celle-ci se situe est, sans doute, le support principal de quelques hypothèses d'explication. On vise avec ce travail montrer comme dans une situation localisée - freguesias de Mira, Quiaios et Febres - l'espace physique joue un rôle très important dans tout le processus provoquant une situation apparemment opposée à celle qui existait dans le pays. La vaste étendue de dunes de formation récente, à laquelle on joint une considérable instabilité physique explique partiellement les divergences vérifiées. Quoique la zone des «baldios» présente une évolution différente de celle qu'on observe dans le pays, la preuve des conflits et des tensions dans cette aire restreinte du centre littoral portugais sont aussi le témoignage qu'ici la question des «baldios» opposa fréquemment les populations aux organes du pouvoir à l'exemple de ce qui arrivait dans la plupart du territoire national. The «waste lands» vestiges of ancient communitary habits, played a very important economical and social role in portuguese rural society. They occupied a vast area, since the Middle Ages up to the 18th Century, but they are nowadays, reduced to a small one in all national land. They were generally speaking, connected with the breading of livestock, gathering of manure, etc. Its importance decreases simultaneously, with economical feudalistic relations. The development of private society is not according to the collective habits, that exist within the feudal system. It was from the 18th century onwards, that the changing of collective lands to private ones, took place. This changing caused some conflicts between people who used them and the main power. Although in national territory, the space occupied by collective land diminishes gradually, it works sometimes in a different way: the waste lands grow considerably. Its geographic situation, is surely, the main reason for that. With this work, we would like to show, how, in a very well defined situation - the villages of Mira, Quiaios e Febres - the physical side plays a very important rôle, creating a situation apparently different from the rest of he country. The large dunes of recent formation, with a considerable physical instability, explain, up to a point, the differences that were observed. Although, the waste lands present, in this area, an evolution that differs from the one observed in the rest of the country, the existence of conflicts and the tensions within this limited area of central portuguese coastline, confirms that also in this part of the land, the problems of waste created conflicts between people and the main power, as it happened in almost every part of the portuguese territory. |
URI: | https://hdl.handle.net/10316.2/40406 | ISSN: | 0871-1623 2183-4016 (digital) |
DOI: | 10.14195/0871-1623_4_2 | Rights: | open access |
Appears in Collections: | Cadernos de Geografia |
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