Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316.2/41372
Title: O corpo na praia: a cultura balnear em Portugal no século XX
Other Titles: Bodies at the beach: seaside culture in 20th century Portugal
Authors: Lobo, Susana
Issue Date: 2012
Publisher: Imprensa da Universidade de Coimbra
Abstract: A "descoberta" da Praia pelas elites portuguesas do século XIX introduz uma nova dinâmica nos mecanismos de diferenciação que caracterizam a sociedade da época. "Ir a banhos" é uma prática de distinção social, tal como o fora, até então, "tomar águas". Mas, se as Termas são concessionadas a empresas particulares que as exploram e equipam, limitando a sua utilização, a Praia é, com a definição, em 1864, do Domínio Público Marítimo, um espaço de fruição livre, ao alcance de todos. É neste contexto que se percebe a gradual inversão da importância dos dois tipos clássicos de estâncias balneares e a crescente adesão à moda do banho de mar. Na costa, a construção de urna cultura balnear passa pela invenção de uma gestualidade própria associada àquele território. Gestualidade a que correspondem formas de estar e de vestir específicas e que vai implicar a criação de infra- -estruturas adequadas para responder ao ritmo sazonal e aos rituais simbólicos que caracterizam a apropriação do espaço litoral. Numa primeira fase, é fora do areal que se estabelecem as relações de poder que regulam o convívio à beira-mar, nas Esplanadas que domesticam a ligação à Praia ou nos salões das Assembleias e dos Casinos que animam a vivência destes lugares. A frequência da Praia, em si, é pontual e de curta duração, determinada por prescrição médica e mediada pela presença do banheiro. É só no século XX que a Praia ganha, ela própria, características de espaço público. A vulgarização de certas práticas desportivas, como a natação, e os efeitos da exposição ao sol na conformação dos corpos e sua apresentação alimentam o aparecimento de novas condutas e comportamentos no espaço da Praia, que rompem definitivamente com as rotinas estabelecidas. Mudança de mentalidades também favorecida pela conquista generalizada de um tempo de lazer em contraponto ao quotidiano de trabalho, com a regulamentação das férias pagas, e pela democratização do acesso aos meios de transporte, individuais e colectivos. A "Praia terapêutica" dá, assim, lugar à "Praia lúdica", sinónimo de evasão e de liberdade de movimentos.
The "discovery" of the beach by 19th century Portuguese elites introduced a new form of social differentiation. "Going to the seaside" became a social criteria equivalent to the former "going to the spa". However, spas were privately exploited and owners could select and limit their attendance, while the beach was by law (1864) considered a public space, open to everybody and free to enjoy. Therefore it is understandable the growing importance of the seaside season and the growing numbers of those who choose to go to the beach. Seaside culture implied adopting a different body language, embracing new social rituals and wearing a specific and appropriate summertime fashion. Beaches and shores were gradually transformed by the building of adequate infrastructures able to answer the special season's demands and rituals, underlining the elite's appropriation of the seaside. In the 19th century, social life at the seaside took place mostly in the shore, with the elites lingering in the seaside cafés, walking the promenades and going to the Casinos, where relationships were regulated, invitations issued and parties arranged. Going to the actual beach, stepping in the sand and going for a swim was infrequent, endured for a short time strictly by medical prescription and always with a lifeguard close in attendance. The beach only became a proper public space in the 20th century. The increasing popularity of a certain kind of sports - e.g. swimming -, the effects of sun exposure that favoured a new body look helped the emergence of a new seaside culture that definitely made obsolete former ways of experiencing the beach. The increasing changes in seaside culture and social background of those enjoying it was further advanced by the increasing numbers of those with leisure time, consequence of the enforcement of stricter work by-laws, paid vacations and lower transportation costs. So the" therapeutic beach" gave way to the "playful one" as a synonym of evasion and freedom.
URI: https://hdl.handle.net/10316.2/41372
ISSN: 0870-0958
2183-8925 (digital)
DOI: 10.14195/2183-8925_33_12
Rights: open access
Appears in Collections:Revista de História das Ideias

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