Quando ainda se acreditava que as ideias faziam revoluções: Manuel Emídio Garcia e Eça de Queirós

Abstract

Pretendemos com este trabalho trazer à luz a conhecida e, no entanto, ainda velada, relação entre Manuel Emídio Garcia e Eça de Queirós. Servirão de ponto de partida duas cartas que podem ser perspectivadas como documentos respeitantes à génese das aclamadas Farpas e que atestam a ligação entre o lente e o jovem escritor É necessário indagar, pois, até que ponto a relação entre ambos esclarece a tão falada presença de Proudhon n'O Distrito de Évora e na Conferência "A Literatura Nova (o Realismo como Nova Expressão de Arte)" e como deve esta questão ser pensada segundo o debate histórico-cultural das notórias décadas de 1860 e 1870. É nosso objectivo responder a estas e outras perguntas e, acima de tudo, chamar a atenção para o papel que Emídio Garcia desempenhou no processo formativo de Eça de Queirós.

The aim of this paper is to unearth the well-known, and yet uncharted, relationship between Manuel Emidio Garcia and Eça de Queirós. The starting point will be two letters which can be regarded as the original documents that not only attest to the connection between them but also provide information on the genesis of As Farpas. To what extent may this connection clarify the evident presence of Proudhon in O Distrito de Évora and in "A Literatura Nova (o Realismo como Nova Expressão de Arte)"? And, what is more, how may this question be articulated with the historic and cultural issues of those remarkable decades of 1860 and 1870? It is our goal to answer these questions and, above all, to draw attention to the role Emidio Garcia played in the development of Eça de Queirós.