Contestação do regime e tentação da luta armada sob o marcelismo

Abstract

Nos anos de vigência do marcelismo ( 1968-74), Portugal coabitou com a aceleração de um processo de mudança que o regime foi incapaz de entender e, menos ainda, de acompanhar. Confluíram nessa altura tensões e enfrentamen- tos que devem ser relacionados com as transformações profundas que ocorreram dentro e fora das fronteiras nacionais. Ao mesmo tempo, perante um regime entrincheirado, e sem capacidade de auto-regeneraração, a percepção da luta armada como via de saída diante do bloqueio foi assomando como uma possibilidade e foi também conquistando adeptos. Cenários e conjecturas acerca do impacte político da sua presença, o qual tomou objetivamente plausível a revolução de 1974, irromperam então, no contexto de um potencial armazenado de conflitualidade.

During Marcelo Caetano’s rule (1968-74) Portugal lived an intensification of change that the government was not able to keep up with or understand. Conflicts and tensions did happen that have to be approached in relation to profound transformations both inside and outside Portugal’s borders. Facing a regime under siege, which had lost all capacity for self- regeneration, the option for armed struggle as a way out of the situation acquired a significant number of supporters. Scenarios and prognosis about its possible political impact emerged in a context of latent conflict, which contributed to make possible the 1974 Revolution.