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https://hdl.handle.net/10316.2/44858
Title: | O intelectual, o artista e as massas na cultura portuguesa finissecular | Other Titles: | The intellectual, the artist and the masses in Portuguese culture at the end of the century | Authors: | Peixinho, Ana Teresa Dias, Luís Augusto Costa |
Keywords: | Intelectual;public sphere;culture;19th century;Fradique Mendes;Intelectuel;espace publique;culture;XIXème siècle;Fradique Mendes;Intelectual;espaço público;cultura;século XIX;Fradique Mendes | Issue Date: | 2018 | Publisher: | Imprensa da Universidade de Coimbra | Abstract: | Durante o século XIX, as elites cultas europeias
participaram amplamente das querelas
e debates fomentados na e pela imprensa, não
sendo possível fazer uma história da cultura
contemporânea sem a pensar à luz da evolução
do espaço público ao longo desse século e na
sua transição para o século xx. Contudo, esta
aliança entre o homem de letras e a imprensa
– expediente característico da esfera pública
oitocentista que, aliás, deu origem à designação
de «publicista» na segunda metade do
século, correspondendo a uma metamorfose do
estatuto do «escritor público» do romantismo
clássico – rapidamente começou a dar sintomas
de rutura, à medida que aquela esfera sofria a
influência da industrialização e massificação
dos objetos culturais, processo iniciado nos
Estados Unidos na segunda metade do século
e cujo eco em França foi acompanhado de
perto pela evolução histórica em Portugal.
Foi neste contexto conjugado, a partir do
último quartel do século xix português, de
alteração do mercado dos bens culturais, de
emergência de uma cultura urbana de massas
e de crise das elites cultas, em especial no
campo literário, que lentamente surgiu a
figura do «artista» como alternativa à figura
difusa do «homem de letras», espoletada na
última década de oitocentos. Numa leitura
de Fradique Mendes − meio personagem,
meio autor, proto-heterónimo na ficção
queirosiana − e sobre o fradiquismo como
ideologia, destaca-se o seu valor simbólico,
como derradeira tentativa de superação da
morte do intelectual oitocentista através da
afirmação do papel do artista. Dito de outro
modo, Fradique Mendes constitui-se, num
contexto de massificação emergente, como
metáfora da crise do velho paradigma de
intelectual do século xix que, perseguindo
uma «aura perdida da cultura», oscila entre
o silêncio de uma desistência, afinal pugnada
pelo próprio Eça de Queirós que assim se
revia como uma espécie de «cenobita», e a
hipótese da figura do artista construir uma
nova expressão da elite culta. During the 19th century, educated European elites participated extensively in the squabbles and discussions promoted in and by the press, and we cannot write the history of contemporary culture without relating it to the development of public space over that century and in its transition to the 20th century. However, this alliance between the man of letters and the press – a typical device of the 19th century public sphere that, in fact, would give rise to the name “publicist” in the second half of the century, corresponds to a metamorphosis of the “public writer” status in classical romanticism – soon began to creak as the public sphere was influenced by the industrialisation and massification of cultural objects, a process initiated in the United States in the second half of the century, the echo of which in France was closely accompanied by the historical evolution in Portugal. It was against this combined backdrop, from the last quarter of the Portuguese 19th century, of a change in the market of cultural assets, of the appearance of a urban culture of the masses and of crisis de affecting the educated elites, especially in the literary field, that the figure of the “artist” slowly emerged as an alternative to the diffused figure of the “man of letters” triggered in the last decade of the 19th century. The reading of Fradique Mendes – half character, half author, proto-heteronym in Eça de Queiroz’s fiction – and of Fradiquism as an ideology, we note its symbolic value as the last attempt to overcome the death of the 19th century intellectual through the affirmation of the artist’s role. In other words, Fradique Mendes appears, in a context of emerging massification, a metaphor of the crisis affecting the old intellectual paradigm of the 19th century, which, pursuing a “lost aura of culture”, wavers between the silence of giving up, as defended by Eça de Queirós, who saw himself as a kind of “cenobite”, and the chance of the artist building a new expression of the educated elite. |
URI: | https://hdl.handle.net/10316.2/44858 | ISSN: | 1645‑3530 1647-8622 (PDF) |
DOI: | 10.14195/1647-8622_18_7 | Rights: | open access |
Appears in Collections: | Revista Estudos do Século XX |
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