Uma nova leitura para o Monte do Frade: (Penamacor)

Abstract

Em 1990 e 1991, realizaram-se escavações na estação arqueológica do Monte do Frade (Penamacor), ocupada no Bronze Final, cujos resultados foram publicados. Os trabalhos circunscreveram-se a uma das plataformas mais elevadas do monte. Verificou-se que a ocupação se limitou a um pequeno espaço, ficando em aberto a questão da real dimensão deste sítio. Em 1995, efectuaram-se novos trabalhos — sondagens e prospecções sistemáticas — com o objectivo preciso de esclarecer este assunto. Este texto dá conta desses resultados que não só responderam a este problema como revelaram outras informações passíveis de um novo olhar sobre o Monte do Frade. A ocupação efectiva do sítio restringe-se, com efeito, ao constrangedor espaço de cerca de 126 m2. Aí se encontram diversas estruturas de habitat, com destaque para uma cabana, à qual se acede por uma espécie de “átrio” e por uma estreita passagem empedrada e limitada por dois afloramentos graníticos, um dos quais com “covinhas”. Outras rochas com “covinhas” distribuem-se à volta das estruturas centrais, simulando a sua protecção. O Monte do Frade deve ser hoje visto como um pequeno casal, habitado por alguém com uma posição social privilegiada e distinta, que não foi só abrigo nem espaço de suporte a determinadas actividades, mas um espaço protegido, onde se congregaram múltiplas vivências, profanas e sagradas.

Archaeological excavations in 1990 and 1991 revealed a late Bronze age occupation at the site of Monte do Frade (Penamacor). The work, subsequently published, was limited to one of the highest plateaux of this present day farm. It appeared that occupation was restricted to a small area, while the question of the total surface inhabited remained unanswered. Renewed excavation was commenced in 1995 - this time test trenches were dug in a program of systematic investigations - with the explicit aim to clarify this problem. The following article describes the results obtained, not only regarding the problem at hand, but it also supplies further information giving us a new perspective of Monte do Frade. The effective occupation is indeed constricted to a diminutive zone of only 126 m2. There several structures, living quarters, were found, one of wich is of special interest. A narrow passage of stonework, its width restricted by two outcrops of granite, gives onto the atrium of a small shelter. One of the outcrops has small cup marks. Other rocks with such are located around the central structures as if placed there for defensive purposes. Monte do Frade must now be seen as a small homestead, inhabited by someone with a certain position of distinction and social privilege. It was not merely a shelter or a space where various activities took place, but a protected area of multiple, both profane and sacred, functions.