Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316.2/91851
Title: Right now: temporalidade, democracia liberal e populismo
Authors: Sá, Alexandre Franco
Keywords: Populism;Temporality;Democracy;Elite;People;Populisme;Temporalité;Démocratie;Elite;Peuple;Populismo;Temporalidade;Democracia;Elite;Povo
Issue Date: 2017
Publisher: Imprensa da Universidade de Coimbra
Abstract: Longe de, como habitualmente, reduzir o populismo a uma patologia das democracias liberais contemporâneas, o presente texto procura pensar este mesmo populismo como algo essencialmente ligado ao modo como tais democracias, na sua temporalidade peculiar, se relacionam com o seu passado e o seu futuro. O populismo aparece aqui, nesta perspetiva, como o resultado de um processo em que, nas democracias contemporâneas, emerge um discurso político que traduz um “pensamento único” baseado na ideia de que não há alternativas; que alude à substituição de governos políticos por governos técnicos, reforçando a noção de que as escolhas não são decisões, mas meros resultados automáticos e inevitáveis das circunstâncias; que evoca o consenso e o aniquilamento das distinções políticas alternativas entre esquerda e direita; e que herda a noção, própria do final do século XX, de que as sociedades ocidentais chegaram a um “fim da história” ao encerrar a era das “grandes narrativas”. Neste enquadramento, o artigo procura centrar-se na temporalidade própria deste discurso político: um discurso centrado crescentemente num presente que anula quer a referência ao passado, bem como ao legado e património de experiência que este pode constituir, quer a referência ao futuro e à projeção de algo que se constitua como um novum em relação ao status quo. O populismo será compreendido simultaneamente como uma reação face a este status quo e como uma consequência que o reflete e manifesta.
Loin de, comme habituellement, réduire le populisme à une pathologie des démocraties libérales contemporaines, ce texte cherche penser ce même populisme comme quelque chose essentiellement lié à la façon dont ces démocraties, dans leur temporalité particulière, entretiennent des rapports avec leur passé et leur futur. Le populisme apparaît ici, de ce point de vue, comme le résultat d’un processus où, au sein des démocraties contemporaines, fait surface un discours politique qui traduit une “pensée unique” basée sur l’idée qu’il n’y a pas d’alternatives; qui évoque la substitution de gouvernements politiques par des gouvernements techniques, en renforçant la notion que les choix ne sont pas des décisions, mais de simples résultats automatiques et inévitables des circonstances; qui évoque le consensus et l’annulation des distinctions politiques alternatives entre la gauche et la droite; et qui hérite la notion, propre à la fin du XXe siècle, que les sociétés occidentales sont parvenues à une “fin de l’histoire” en mettant fin à l’ère des “grandes narrations”. Dans ce cadre, l’article souhaite se centrer sur la temporalité inhérente à ce discours politique: un discours basé de façon croissante sur un présent qui annule aussi bien la référence au passé, qu’au legs et patrimoine de l’expérience que celui-ci peut constituer, qu’à la référence au futur et à la projection de quelque chose qui se constitue comme un novum par rapport au status quo. Le populisme sera entendu simultanément comme une réaction face à ce status quo et comme une conséquence qui le reflète et le manifeste. Au lieu de pouvoir être considéré comme une alternative au status quo, le populisme apparaît comme une conséquence qui en émerge et qui participe, par conséquent, de la même temporalité qui lui est propre.
Far from, as usual, reduce populism to a pathology of contemporary liberal democracies, the present text seeks to think this same populism as something essentially linked to the way in which such democracies, in the given moment in time, deal with their past and their future. In that perspective populism arises here as the result of a process where, in modern democracies, a political discourse emerges, translating a “single thought” founded on the idea that there are no alternatives; alluding to the replacement of political governments by technical governments, reinforcing the idea that choices are not decisions, but merely automatic and unavoidable results of the circumstances. Consequently, it evokes the consensus and the annihilation of the alternative political divide between left and right; and inherits the typically late 20th century notion that western societies came to the “end of history” when they closed the era of the “large narratives”. In this framework, the paper seeks to focus on the specific temporality of this political discourse: a discourse centred increasingly on a present that cancels any reference to the past and the legacy and experience it may bring, and invalidates reference to the future and to the projection of something that is a novum in relation to the status quo. Populism is perceived as a reaction to the status quo and a consequence reflecting and manifesting it. Instead of being regarded as an alternative to the status quo, populism emerges as the consequence thereof, thus sharing its temporality.
URI: https://hdl.handle.net/10316.2/43090
ISSN: 1647-8622 (digital)
1645-3530
DOI: 10.14195/1647-8622_17_4
Rights: open access
Appears in Collections:Revista Estudos do Século XX

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