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https://hdl.handle.net/10316.2/32290
Title: | Os discrimes do tempo: reescrever o passado e imaginar o futuro em três romances italianos contemporâneos | Authors: | Bettini, Clelia | Issue Date: | 2012 | Publisher: | Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra | Abstract: | The word CRISIS derives from the root KR-/SKR-, one of the most
proliferous Indo-European roots that has borne fruit in many modern
languages . It contains the invaluable notion of judgement (Gr. KRINOMAI),
of the boundaries that determine choice (Lat. DISCRIMEN, Eng. SHORE), of
the line which separates what must be salvaged from what may be discarded
(Lat. EXCREMENTUM). Nevertheless, the idea of reflection underlying the
current use and over-use of the word CRISIS is of the utmost importance.
It implies the broadening of critical thinking, which is necessary in a historical
time where the feeling of living in a state of emergency has become a daily
experience. The present is haunted by the fear of an opaque future and by the
omnipresent nostalgia of the past, which are often intertwined in utilitarian
mystification (Bauman: 2006).
The most recent Italian literary works bring forth several tools for
interpreting reality via the novel, a form too often declared dead – or at least
on its deathbed. In Nina dei lupi (Marsilio, 2011) Alessandro Bertante creates
an apocalyptic future where the last remaining humans return to the hardship
of the mountains; Laura Pariani also goes back to the mountains, more
specifically to the Valle delle donne lupo, where the retrospective movement
of remembrance leads to a possible reconfiguration of the present through
the coexistence of memories and ghosts. In fact, in Qualcosa di scritto (Ponte
alle Grazie, 2012) Emanuele Trevi presents us with a couple of fine ghosts,
namely Pierpaolo Pasolini and Laura Betti, who become the guides to the
recent past (the 1990’s) and the uncertain future of Italian culture. Piedmont
is a peripheral space composed of valleys and mountains and inhabited by
the stories of characters considered marginal since ancient times – little girls,
single and independent women, fools, wolves. Rome, on the other hand, is a
central space haunted by the ever-different soul of Pasolini, who takes us back
to Ancient Greece in the time of the Eleusinian Mysteries. These two spaces
set the tone for the anxieties of the new century and its repeated decadence.
Furthermore, they conjure up inner scenarios that are worth reflecting upon
and that whisper answers to anyone capable of hearing them in the turmoil of
the times of “crisis”. A palavra CRISE procede da raiz KR-/SKR-, uma das mais fecundas raízes indo-europeias que deu os seus frutos em muitas das línguas modernas. Contém em si a ideia preciosa de juízo (gr. KRINOMAI), de limite que determina a escolha (lat. DISCRIMEN, ing. SHORE), da separação que indica o que é preciso salvar e o que se pode deitar fora (lat. EXCREMENTUM). Contudo, é central a noção de reflexão que subjaz no uso e abuso da palavra CRISE que se tem vindo a fazer. Está implícita uma dilatação do pensamento crítico, necessária numa fase histórica onde a sensação de viver uma emergência se tornou quotidiana. Assomam-se à janela do presente que vivemos o medo de um futuro demasiado opaco e a omnipresente nostalgia do passado, muitas vezes interligados numa mistificação utilitarista (Bauman: 2006). A mais recente produção literária italiana propõe diversos instrumentos interpretativos da realidade, através da forma já demasiadas vezes declarada senão morta, ao menos moribunda, do romance. Alessandro Bertante imagina em Nina dei lupi (Marsilio, 2011) um futuro apocalíptico onde os últimos humanos voltam à dureza da montanha dos resistentes; Laura Pariani também regressa à montanha, em concreto ao Valle delle donne lupo, onde o movimento retrospectivo da lembrança leva a uma possível reconfiguração do tempo presente, através da convivência com recordos e fantasmas; e de fantasmas excelentes nos conta Emanuele Trevi em Qualcosa di scritto (Ponte alle Grazie, 2012), romance onde as figuras de Pierpaolo Pasolini e Laura Betti se tornam guias para o recente passado (os anos noventa) e o futuro incerto da cultura italiana. O espaço periférico dos vales e das montanhas do Piemonte, habitado por histórias de personagens desde sempre consideradas marginais – uma menina, mulheres sós e independentes, loucos e loucas, lobos e lobas – e a centralidade da cidade de Roma, desassossegada pela alma do eterno diferente de Pasolini, que nos leva até à Grécia dos mistérios de Elêusis, tocam a sinfonia das angústias do início do século e da sua reiterada decadência. E pintam cenários interiores que merecem a pena de serem reflectidos, segredam respostas a quem for capaz de as ouvir, no alvoroço dos anos “em crise”. |
URI: | https://hdl.handle.net/10316.2/32290 | ISSN: | 0870-4112 | DOI: | 10.14195/0870-4112_10_8 |
Appears in Collections: | Biblos |
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